Eu, que estou sempre correndo de um lado pro outro, fui levada a diminuir o passo para acompanhar uma senhorinha hoje.
Nos encontramos no elevador e ela já foi logo me dizendo que tinha medo
e não queria ir sozinha, porque uma vez ficou presa com a netinha e
custou acalmar o choro dela.
Descemos juntas e seguimos pela Rio Branco.
"Filha, se você quiser pode ir andando, porque eu demoro muito".
Respondi que minha vida já estava corrida demais e eu podia ir mais devagar.
Ela comentou que todo mundo anda muito depressa no centro e nem percebem que empurram as pessoas mais velhas.
Em um trecho pequeno, ela me contou sobre sua vida em Tombos, no Rio,
os três filhos, o marido médico e a época que foi professora.
"Você já deve estar cansada de me ouvir né?".
Eu não estava, sou apaixonada por histórias. Contei que eu fazia
jornalismo e ela logo disse: "Nossa, acho essa profissão tão bonita.
Comunicar faz bem pra saúde". Nunca tinha ouvido isso sobre o meu curso.
Eu sempre espero o comentário do jornal Nacional, da Fátima Bernardes,
da Globo e etc. Mas, não. Conversar com ela, com certeza, me fez muito
bem e ainda me diverti quando perguntei o seu nome...
"É Zilete. Conhece alguma?". Disse que não.
"No mundo só deve existir eu. Sabe por que esse nome? Meu pai fazia a
barba todo dia e adorava a palavra Gilete. Ele queria me chamar assim.
Mas, minha irmã não deixou. Ele foi lá e trocou só o G por Z. Você nunca
vai esquecer!". E não vou mesmo. Já ela, pra não esquecer o meu, pegou
uma canetinha e escreveu dentro do tecido da bolsa, "É Larissa com dois
s?".
Despediu-se dizendo pra Nossa Senhora me abençoar e me dar um bom emprego, fazendo sinal de dinheiro com os dedos.
Amém, Dona Zilete!
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